Curva número - CN para bacias hidrográficas

Curva número - CN para bacias hidrográficas

Por: Admin - 19 de Dezembro de 2024

Para encerrar o ano e finalizaremos, por hora, o assunto sobre hidrologia. Ano que vem traremos outros temas tentando compartilhar conhecimento e contribuir para o desenvolvimento ambientalmente mais adequado da sociedade visando espaços mais saudáveis. Para finalizar, mas não menos importante, hoje falaremos um pouquinho sobre a Curva Número – CN.

A Curva Número (CN) é um parâmetro hidrológico amplamente utilizado para estimar o escoamento superficial em bacias hidrográficas. Este método relaciona características físicas da bacia, como uso e cobertura do solo, tipos de solo e condições de umidade antecedente, com a capacidade de infiltração da superfície. O valor do CN varia de 0 a 100, sendo que valores mais altos indicam maior potencial de escoamento e menor infiltração.

A CN é uma ferramenta essencial para o dimensionamento de sistemas de drenagem urbana, controle de cheias e planejamento do uso do solo em bacias hidrográficas. Sua aplicação simplifica a complexa dinâmica entre chuva e escoamento, proporcionando uma estimativa prática e confiável para estudos hidrológicos de áreas urbanas e rurais.

A CN permite prever a quantidade de escoamento gerada por um evento de precipitação com base na capacidade da superfície em reter água. Isso é crucial para a gestão de cheias. Conservação do solo e melhorar a gestão dos recursos hídricos.

O cálculo da CN envolve a combinação de informações sobre o uso e cobertura do solo, tipo de solo e condições de umidade antecedente. A seguir, apresento o passo a passo básico para determinar o valor do CN para uma área ou bacia hidrográfica.

- Uso e cobertura do solo: deve-se identificar as classes de uso do solo (ex.: áreas urbanas, pastagens, florestas). Pode ser obtido por meio de mapas temáticos ou imagens de satélite.

- Tipo de solo: deve-se identificar a classe hidrológica do solo, que pode ser: Classe A: Alta infiltração (ex.: solos arenosos); Classe B: Moderada infiltração; Classe C: Baixa infiltração e; Classe D: Muito baixa infiltração (ex.: argilosos ou solos compactados).

- As condições de umidade antecedente refletem a umidade inicial do solo antes da chuva. Existem três categorias: AMC I: Solo seco, alta infiltração; AMC II: Condição normal, infiltração moderada (valor padrão para cálculos); AMC III: Solo úmido ou saturado, baixa infiltração. Os valores de CN ajustados para as condições AMC I ou III podem ser obtidos por fórmulas específicas a partir do valor padrão para AMC II.

Os valores de CN podem ser obtidos calculando, ou através de tabelas como a do manual da SCS (Soil Conservation Service). Também é possível obter os valores de CN na Agência Nacional das Águas – ANA.

No contexto urbano, em que o escoamento superficial é intensificado pela impermeabilização do solo, o uso do CN é fundamental para projetar sistemas de drenagem que minimizem inundações. Em áreas rurais, a metodologia auxilia no planejamento de práticas conservacionistas e estratégias de agricultura sustentável.

No planejamento das cidades ou na gestão hídrica, é importante considerar que:

  • O CN deve ser ajustado para refletir mudanças no uso do solo, como urbanização ou desmatamento.
  • Devem ser avaliadas as condições de umidade antecedente (AMC), pois a capacidade de infiltração pode variar significativamente em função das chuvas recentes.
  • A aplicação do método deve estar alinhada com modelos digitais do terreno e mapeamento atualizado da bacia hidrográfica.

 

Em suma, o uso da curva número proporciona uma abordagem prática e eficaz para avaliar o impacto das condições do solo e do uso da terra no escoamento superficial, sendo essencial para um planejamento territorial resiliente e sustentável.

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